Campo singelo de margaridas bravias e inocentes
Flores viçosas, alegres, criadas por entre o prado verdejante
Plantas felizes que, se pudessem mover-se, saltitavam contentes
Flores modestas, de beleza selvagem, veias de vida palpitante
Não viram o Sol subir, a cada dia mais um pouco, incapaz de adormecer
Astro flamejante que, sem saber conter-se, lhes cuspiu fogo abrasador
E dias passaram, o verde esmoreceu e
as margaridas viram-se escurecer
Até que um dia o Sol olhou para o prado e viu nele semeada bem fundo apenas
dor
As estações sopraram vendavais, derramaram chuva furiosa, mas o prado
renasceu
Despontaram devagar, um a um, amarelos e cor-de-laranja viçosos, verdes
valentes
Os narcisos estrangularam as raízes das plantas de dor, e cresceram
orgulhosos e insolentes
Prontos para cobrir o mundo de cores e alegria, como um prado que a tudo já
venceu
Não sabem que o vento os persegue, e que em breve os vendavais tudo vão
arrancar,
E os narcisos vão ser soprados pelo mundo afora, e noutros prados vão
vingar…
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